Ecologia

Implicação de Invasão Biológica em Ilhas
Ao se tratar do tema "invasões biológicas”, é fundamental compreender o contexto ecológico da área que vem sofrendo o processo de ocupação por espécies exóticas. As características físicas e biológicas de um ecossistema, bem como as alterações de origem natural ou humana pelas quais passa, determinam os processos de ocupação desse ambiente pela biota (1).
Ilha de Keeling (14)
As ilhas são ambientes particulares, pois devido ao seu isolamento geográfico geralmente abrigam uma biodiversidade peculiar, com grande número de espécies endêmicas e se desenvolveram independente de outros, o que resultou em ambientes únicos com características específicas. Devido a sua formação e isolamento, esses ambientes apresentam grande diversidade biológica e alto grau de sensibilidade ambiental (2)
Estas regiões, em sua maioria, constituem-se por áreas paradisíacas e de abrigo à diversidade de animais e plantas, além de propiciar excelentes locais de banhos, descansos e lazer. Sendo por este motivo, local de grande procura por pessoas de diversas regiões.
Entretanto, sendo ilhas regiões mais vulneráveis a invasão, toda esta diversidade de vida corre sério risco de degradação com a ocupação descontroladas de pessoas. 
O homem muitas vezes de forma indireta, traz espécies exóticas de animais. Estes costumam vir fixados em cascos de barcos, lanchas e navios ou em outros locais de possível acesso. Além de organismos microscópios que podem parasitar e infectar outros animais e plantas causando doenças podendo levar até a morte. Neste sentido, destaca-se a invasão biológica causada pelo homem, um dos principais fatores responsáveis pela degradação da diversidade biológica em ilhas.
Ilhas são regiões onde espécies nativas vivem livres de predadores naturais e de doenças, não tendo por isso, evoluído defesas ou comportamentos necessários para lidar com as espécies exóticas. As espécies insulares são especialmente suscetíveis à extinção (3).
 A área teoricamente isolada e mais fechada do que os continentes favorece a especiação, abrigando grupos endêmicos que ficam vulneráveis frente à competição com uma espécie maior e de hábitos mais generalistas, bem como diante dos métodos de controle. Os mesmos princípios podem ser verdadeiros para a vegetação, cuja flora é incrementada a fins econômicos, saúde e alimentação (4).
Atualmente, os efeitos da entrada desordenada de espécies exóticas estão tomando proporções cada vez maiores. O potencial de invasão futuro é de difícil mensuração na atualidade, sendo, porém as perspectivas ambientais bastante negativas (5).
Fernando de Noronha (15)
Os impactos da contaminação biológica em ilhas constituem as principais ameaças à sobrevivência de diversas espécies ameaçadas de extinção. As plantas, já são hoje as principais vítimas deste problema. Uma vez introduzida em regiões variadas, seja por diversos motivos, exercem gradativa dominância sobre áreas naturais. A previsão é de que 575.000 hectares de áreas naturais protegidas estejam sob risco de invasão nos próximos dez a quinze anos  (6).
Tamanho é o potencial de espécies exóticas de modificar sistemas naturais às plantas invasoras é atualmente consideradas a segunda maior ameaça à biodiversidade. Perdem apenas para a destruição de habitats e a exploração humana direta e constituem um problema subestimado (7).
Plantas invasoras podem produzir alterações em propriedades ecológicas essenciais tais como ciclagem de nutrientes e produtividade vegetal, cadeias tróficas, estrutura, dominância, distribuição e funções de espécies num dado ecossistema, distribuição de biomassa, densidade de espécies, porte da vegetação, índice de área foliar, queda de serapilheira (que faz aumentar o risco de incêndios), taxas de decomposição, processos evolutivos e relações entre polinizadores e plantas. Podem mudar a adequação do hábitat para espécies animais, alterar características físicas do ecossistema como erosão, sedimentação e mudanças no ciclo hidrológico, no regime de incêndios e no balanço energético e reduzir o valor econômico da terra e o valor estético da paisagem, comprometendo seu potencial turístico. Podem ainda produzir híbridos ao cruzar com espécies nativas e eliminar genótipos originais, ocupar o espaço de plantas nativas, levando-as a diminuir em abundância e extensão geográfica, aumentando os riscos de extinção de populações e de espécies (8).
Os efeitos agregados de invasões potencializadas por atividades antrópicas põem em risco esforços para a conservação da biodiversidade, a manutenção da produtividade de sistemas agrícolas, a funcionalidade de ecossistemas naturais e a saúde humana (9).
Fortes impactos em função da alteração das relações de dominância dessas comunidades. Isso tende a levar ao desaparecimento de espécies heliófilas nativas e modificar a fisionomia da formação em função da entrada de novas formas de vida. Decorrem alterações na composição, fisionomia e estrutura dessas comunidades vegetais.
Em geral, a biodiversidade de ilhas é bastante particular e por mais que estes ambientes representem somente 5% da cobertura terrestre do planeta, cerca de um terço de todas as espécies de mamíferos, aves e anfíbios ameaçadas estão nestes locais (10). O percentual de espécies endêmicas é alto e a vulnerabilidade destas espécies é maior em relação às dos continentes devido ao espaço geográfico restrito e único, à especificidade de suas interações com o ambiente biótico e abiótico específico (11), e como consequência da menor variabilidade genética (12).
Os principais possíveis impactos das espécies invasoras sobre as nativas estão relacionados à exclusão competitiva, deslocamento de nichos, hibridização, predação e extinção. A maior parte das evidências conhecidas no mundo destes impactos ocorreu em ilhas (13).
Embora agências governamentais recomendem o cultivo de espécies exóticas invasoras em múltiplas situações, não fazem nenhuma menção à necessidade de controle da dispersão de espécies invasoras.
O impacto de espécies exóticas em ilhas carece de mais estudos, os poucos realizados destacam estas áreas como susceptíveis a maiores consequências por se tratarem de ambientes vulneráveis. Estas áreas isoladas muito difíceis conseguem se recuperar.
Neste sentido, é fundamental que haja um controle na entrada de espécies invasora nestas regiões. As ações antrópicas, por serem as principais responsáveis por este problema, são as que merecem maior atenção.

Referências:

1- PIVELLO, Vânia R. Invasões Biológicas no Cerrado Brasileiro: Efeitos da Introdução de Espécies Exóticas sobre a Biodiversidade. 2011. Disponível em: < http://www.ecologia.info/cerrado.htm>. Acessado em: cinco de Novembro de 2011.
2- POLETTO, C. R. B., BATISTA, G. T. Sensibilidade ambiental das ilhas costeiras de Ubatuba, SP, Brasil. Revista Ambi-Água, Taubaté, v. 3, n.2, pag. 106-121, 2008.
3- Harris, G.M., C.N. Jenkins & S.L. Pimm. 2005. Refining biodiversity conservation priorities. Conservation Biology 19:1957-1968.
4- Civeyrel, L. & Simberloff, D. (in press). A tale of two snails: Is the cure worse than the disease? Biodiversity and Conserv. 1994.
5- Unidades de Conservação: Ações para Valorização da Biodiversidade. Disponível em: < http://www.redeprofauna.pr.gov.br/arquivos/File/biblioteca/unidades_de_conservacao.pdf >. Acessado em: quatro de Novembro de 2011.
6- Stephens et al., 2001a M Stephens, NJ Smith and P Donnelly. A new statistical method for haplotype reconstruction from population data. Am J Hum Genet,  68  (2001), pp. 978–989.
7- D’ANTONIO, C.M.; VITOUSEK, P.M., 1992. Biological invasions by exotic grasses, the grass/fire cycle, and global change. Annual Rev. Ecol. Syst., n. 23, p. 63-87.
8- Contaminação Biológica. Disponível em: < http://www.institutohorus.org.br/download/artigos/invbiologsziller2000.pdf>. Acessado em: cinco em de Novembro de 2011.
9- BREYTENBACH, G.J. , 1986. Impacts of alien organisms on terrestrial communities with emphasis on communities of the south-western Cape. In: MACDONALD, I.A.W.; KRUGER, F.J.; FERRAR, A.A. The ecology and management of biological invasions in Southern Africa. Cape Town: Oxford University Press. p. 229-238.
10- Fonseca-Neto, F. P. da. (2004) – Aves marinhas da Ilha
Trindade. In: Branco, J. O. (org.). Aves marinhas insulares brasileiras: bioecologia e conservação. P.119-146, Editora UNIVALI, Itajaí, SC, Brasil.UNIVALI Ed., Itajaí-SC.
11- Walter, H. S. (2004) – The mismeasure of islands: implications for biogeographical theor yand the conser vation of nature. Jour nal of Biogeography, 31(2):177-197.
12- Frankham, R. (1997) – Do island population have less genetic variation than mainland populations? Heredity, 78:311-327. doi:10.1038/hdy.1997.46.
       13- Mooney, H. A. and E. E. Cleland. 2001. The evolutionary impact of invasive species. Proceedings of the National Academy of Sciences, 98:5446–5451.
        14- Longe é um lugar que existe. Disponível em: <http://bafanaciencia.blog.br/artigos/longe-e-um-lugar-que-existe.> Acessado em: nove de Novembro de 2011.
        
    15- The Top Things. Disponível em: <http://thetopthings.wordpress.com/2010/04/11/fernando-de-noronha/>. Acessado em: oito de Novembro de 2011.