Evolução



De acordo com o que vimos na última postagem pode-se inferir que, a introdução de uma espécie exótica pode ser um mecanismo de evolução, e não apenas de extinção. Mas nem por isso podemos dizer que este processo pode ser visto como positivo, pois, “nos últimos 150 anos, centenas de pequenas populações foram introduzidas em novos hábitats ao redor do mundo, por ação humana, mas poucas mudanças marcantes resultaram nos genótipos, e também não resultaram em efeito de especiação” (1). Com isso podemos ver que normalmente o problema enfrentado pela introdução tem efeito negativo. Nesta postagem vamos abordar a questão da especiação, no aspecto evolucionista, devido introdução de espécie exótica invasora. Mas antes de continuarmos, alguns conceitos precisam ser levados em consideração.

Ernest Mayer (4)
Para começar, nada mais lógico que descrevermos o que consideramos a unidade fundamental de qualquer conceito ecológico, o conceito biológico de espécie. Segundo Ernest Mayer, 1940, “espécies são grupos de populações naturais que se cruzam ou potencialmente se intercruzam, estando isolados reprodutivamente de outros grupos” (2). A frase “que se cruzam ou potencialmente se intercruzam” significa que mesmo que alguns membros da espécie não estejam no mesmo lugar e, portanto, estejam impossibilitados de se intercruzarem, elas não devem ser colocadas como uma espécie distinta, pois poderiam intercruzar-se caso estivessem juntas. O termo “natural” é parte importante nesta definição, pois apenas na natureza a troca de genes afeta o processo evolutivo. A troca gênica entre as espécies é a principal razão que as torna uma unidade coesa.
Charles Darwin (5)
Um conceito imprescindível, para que possamos entender como funciona a especiação, processo pelo qual uma espécie divide-se em duas, que, então, evoluem em diferentes linhagens, é a Seleção Natural, proposta por Charles Darwin, em sua obra On the origen of species by means of natural selection, 1859. Se entre indivíduos de uma população existir diferenças que possam ser transmitidas a prole, e se houver sucesso diferencial na sobrevivência e/ou na reprodução entre esses indivíduos, então algumas características serão transmitidas a prole com maior freqüência do que outras. Em conseqüência, as características da população irão se modificar-se notavelmente, em cada geração subseqüente. Esta é a evolução darwiniana: modificação gradual nas populações ao longo do tempo (3)
Uma população, conjunto de indivíduos da mesma espécie, compartilha, entre seus membros, um conjunto gênico ou um fundo genético comum que, logicamente, é separado de conjuntos gênicos de outras espécies.
      Porém, este conjunto gênico não se encontra estacionário, parado, sem sofrer alterações. O fundo genético das populações sofre alterações ou variações que permitem a Variabilidade genética. Essas alterações podem ser decorrentes de mutações, recombinação gênica, deriva genética, seleção natural e migração. É justamente a variabilidade genética que determinam diferenças entre os indivíduos de uma população, ou seja, mesmo alguns apresentando semelhanças morfológicas, geneticamente eles não são idênticos, não são clones.

Primeiramente pode se inferir que a variabilidade genética é a fonte de novas espécies. Como assim, vimos que a seleção natural não age sobre o individuo, mas sim sobre a população, então quando o tamanho desta população é reduzido drasticamente, devido a desastres naturais, perseguição por parte de predadores ou redução do habitat, ou introdução de espécies exóticas, há uma alteração na frequencia alélica da nova população, onde esta  representará apenas uma parcela, da original, efeito denominado, Gargalo de Garrafa. Como consequências para a população, haverá uma redução da diversidade genética, se comparado ao pool gênico original.
Efeito Gargalo de Garrafa (6)

Tal processo, “impede” que parte do genótipo da população original participe na produção da geração seguinte. Com isso, esta nova fração da população irá se diversificar entre si, produzindo novos alelos, que por fim, “podem” levar ao isolamento reprodutivo da população original, originando espécies distintas.
       Este efeito acontece com maior facilidade em ilhas, a final de contas, às populações ali, presentes não trocam material genético com outras populações de fora da ilha, salvo espécies de aves e insetos voadores, lembrando que o que torna uma espécie coesa, é o fluxo gênico entre as espécies.
Deste modo, podemos concluir que, a introdução de espécies exóticas em uma dada aréa, poderia levar a o surgimento de uma nova espécie, devido ao efeito que esta causa na população original, todavia, dificilmente nos deparamos com algo do gênero, devido este processo gradual de modificações ao longo do tempo, ocorrer de forma lenta.


Referências:
1- GRANT, Peter e GRANT, Rosemary. 1996. apoud FREEMAN, Scott. Análise Evolutiva. 4º ed., pag. 617.
2- pegar referencia conceito espécie
3- FREEMAN, Scott. Análise Evolutiva. 4º ed. Pag. 77.
4- Folha Online de São Paulo. Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/inde27082006.htm>. Acessado em: quatro de Novembro de 2011.
5- Time to Eat the Dogs. Disponível em: < http://timetoeatthedogs.com/2008/06/01/digital-archive-charles-darwin/>. Acesado em: sete de Novembro de 2011.
6- Portal São Francisco. Disponível em: < http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/especiacao/especiacao-1.php>. Acessado em: cinco de Novembro de 2011.
7- Meu Artigo. Disponível em: <http://meuartigo.brasilescola.com/biologia/o-processo-especiacao.htm>. Acessado em: oito de Novembro de 2011.