Introdução

O planeta Terra vive hoje uma das maiores crises de perda de biodiversidade já documentadas. As previsões dessa perda para a próxima década são alarmantes, especialmente nos países com alta diversidade (1). Duas causas figuram como as principais variáveis de ameaça à diversidade biológica. A primeira é a destruição de habitats naturais, causadas principalmente por atividades antrópicas como, por exemplo, o avanço da fronteira agrícola, construções de rodovias e incêndios (2). A segunda maior causa de perda de biodiversidade no planeta é a invasão por espécies exóticas (3). Que causam danos econômicos, sociais, culturais, ambientais e à saúde humana.
Aqui iremos falar sobre a segunda causa: Introdução de espécies exóticas, destacando a implicação deste processo em ilhas.
Espécies de plantas, animais ou microorganismos introduzidos a um ecossistema do qual não fazem parte originalmente são chamados de exóticos. As espécies exóticas podem ser caracterizar de duas formas: estabelecidas e invasoras. Na primeira, é quando a espécie exótica consegue se reproduzir e gerar descendentes férteis, com alta probabilidade de sobreviver no novo hábitat. Na segunda, caracteriza-se quando a espécie estabelecida expande sua distribuição no novo hábitat, ameaçando a diversidade biológica nativa (9).
Lebre Marrom Europeia-Lepus europaeus(7)
Os impactos das espécies exóticas invasoras são imensos e geralmente irreversíveis. De fato, eles podem competir com espécies nativas, atuam como pragas ou patógenos para espécies cultivadas ou domesticadas, ou mesmo disseminar agentes infecciosos ou alérgicos. Os impactos das introduções sobre a biota nativa podem ser imperceptíveis, sendo a espécie incorporada ao novo ambiente de tal forma que passe a ser vista como nativa. Por outro lado, podem ser catastróficos, uma vez que estas espécies podem causar profundas alterações no ambiente, de tal modo que este não consiga se recuperar.
Podemos concluir que nem toda espécie exótica é uma invasora. Se, uma espécie exótica qualquer, conseguir se adaptar, propagar e exercer dominância, prejudicando processos naturais e espécies nativas, estas sim são chamadas de espécies exóticas invasoras.
Dentre as características das espécies que se tornam invasoras, as mais notáveis são a grande eficiência na competição por recursos, o que as levam a dominar as espécies nativas originais. Apresentam, também, alta capacidade reprodutiva e de dispersão.
O mundo globalizado tem favorecido a introdução de espécies, que é facilitada pela crescente do comércio, viagens e ao transporte de mercadorias. Consequentemente sua homogeneização, ou seja, a distribuição destas espécies ao longo dos continentes também é facilitada, uma vez que estes organismos podem "pegar carona" em navios, contêineres, veículos, solos, etc (8). Este é, portanto, um problema global que requer a cooperação e ação internacional.
Mexilhão Dourado- Limnoperna fortunei (6)
Todos os problemas acerca da invasão de espécies exóticas são agravados em ilhas. Estas regiões, em sua maioria, constituem-se por áreas paradisíacas e de abrigo de diversidade de animais e plantas, além de propiciar excelentes locais de banhos, descansos e lazer. Sendo por este motivo, local de grande procura por pessoas de diversas regiões.
O impacto de espécies exóticas em ilhas carece de mais estudos, os poucos realizados destacam estas áreas como susceptíveis a maiores consequências por se tratarem de ambientes vulneráveis. Uma vez causado danos, estás áreas isoladas muito dificilmente conseguem se recuperar. Neste sentido, é fundamental que haja um controle na entrada de espécies invasora nestas regiões. As ações antrópicas, por serem as principais responsáveis por este problema, são as que merecem maior atenção.
Estamos em um momento em que se reconhece a importância que espécies exóticas representam, de forma geral, ao nosso meio ambiente. A partir desse momento precisamos estabelecer metas e nos planejar para conseguir diminuir, ou até, acabar com esse problema.
Existem publicações disponíveis gratuitamente que cobrem de forma ampla e precisa como devem ser estruturadas estratégias governamentais e políticas públicas para frear o avanço de espécies exóticas invasoras e mitigar impactos de invasões biológicas. São elas: o Modelo para o desenvolvimento de uma estratégia nacional para espécies exóticas invasoras (Ziller et al., 2007, 4) e o Manual de melhores práticas para prevenção e manejo de espécies exóticas invasoras (Wittenberg & Cock, 2001, 5), todas elaboradas pelo Programa Global de Espécies invasoras (www.gisp.org), a cartilha criada na sexta Convenção sobre a Diversidade Biológica (COP) com os 15 Princípios para orientação ao combate de introdução de espécies exóticas (9).

Referências:

1 - WILSON, E. O. - 1997- A situação atual da diversidade biológica. In: Biodiversidade, p. 3-24. Editor E. O. Wilson. Ed. Nova Fronteira, edição em português ( tradução Marcos Santos e Ricardo Silveira), RJ- Brasil.
2 - WRIGHT, S. J.. Tropical forests in a changing environment. Trends Ecol. Evol., vol. 20, pag. 553-560.
3- GISP(2005). América do Sul Invadida. A crescente ameaça das espécies invasoras. Buenos Aires. GISP.
4 - Ziller, S.R. 2001. Plantas exóticas invasoras: a ameaça da contaminação biológica. Ciência Hoje 30 (178): 77-79.
5 - Wittenberg R, Cock MJW (eds)  (2001)  Invasive Alien Species: A toolkit of Best Prevention and Management Practices. CAB International, Wallingford, Oxon, UK
6 – Nature Planeta. Disponivel em: http://natureplanet.blogspot.com/2007/12/mexilho-dourado-se-alastra-no-pantanal.html. Acessado em Três de Novembro de 2011.
7 - Mamíferos do Mundo. Disponível em: <http://mamiferosdomundo.blogspot.com/2011/07/familia-leporidae.html>. Acessado em Sete de Novembro de 2011.
8 - International Union for Conservation of Nature. Disponível em < http://www.iucn.org/about/union/secretariat/offices/iucnmed/iucn_med_programme/species/invasive_species/>. Acessado em Dois de Novembro de 2011.
9 – Convention on Biological Diversity. Disponível em: < http://www.cbd.int/decision/cop/?id=7197>. Acessado em Trinta de Outubro de 2011.